domingo, 16 de dezembro de 2012

20 anos de um jogaço com base bem brasileira!





Já cheguei a expressar minha opinião sobre o fato de buscarmos pouco basear nossas criações em RPG na cultura Tupiniquim, tendo tantos elementos, inclusive fantásticos. "O Desafio dos Bandeirantes" se torna um ícone nesse tema. Trazendo aqui o excelente texto originário de Rede RPG; fica nossa contribuição para a divulgação desse RPG que merece ser jogado pelas novas gerações.




Desafio dos Bandeirantes: 20 anos

Vinte anos atrás, no dia 13 de dezembro de 1992, Carlos Klimick, Flávio Andrade e eu iniciamos uma grande aventura pela História e o folclore do Brasil, lançando O Desafio dos Bandeirantes , o primeiro RPG com temas 100% nacionais.


Não foi nada randômico o fato de ser exatamente no aniversário do querido amigo Ygor Morais, autor dos RPGs Tagmar e Millenia , e outro companheiro inseparável. A ilustração aí ao lado não é a capa original do livro, um belíssimo trabalho em bico de pena do Mario Proença. Mas, além de ser a capa da segunda edição doDesafio , até hoje esta é uma das minhas ilustrações preferidas de todos os tempos, uma obra-prima da talentosíssima Eliane Bettocchi. Juntos, Mário e Eliane conseguiram dar forma e traço a um mundo que começou a nascer nas longas tardes de 1991 e 1992, num longínquo mundo que já não existe mais…

Naquela época, num outro século, ainda não existiam computadores (pelo menos não como os conhecemos hoje) ou internet. Os celulares eram coisa de ficção científica e mesmo os nossos queridos RPGs “de papel” mal existiam no Brasil, a não ser pelos livros-jogos da Marques Saraiva (a série Aventuras Fantásticas ), o GURPS (aquele do cabeção!) ou os pioneiros nacionais Tagmar e Demos Corp .

O Desafio nasceu mesmo de um desafio, feito por telefone: “Por que não escrevemos nosso próprio jogo, como fez o pessoal do Tagmar?” “Ótimo! Já tenho até uma ideia!” Mais tarde, diante de uma máquina de escrever Olivetti Praxis 20 – Google it, kids ;-) – Klimick e eu começamos a desvendar um continente inexplorado, repleto de feras selvagens, tribos desconhecidas e poderosas criaturas mágicas. Era um lugar meio parecido com o Brasil que a gente conhece nas aulas de História ou nos livros de Monteiro Lobato, Câmara Cascudo e outros. Para evitar que a gente se perdesse naquela floresta de ideias, convidamos (convocamos, na verdade…) o Flávio Andrade para nos ajudar a dar forma e conteúdo ao que viria a ser a Terra de Santa Cruz, ao que viraria O Desafio dos Bandeirantes .

Nenhum de nós três poderia sequer imaginar que hoje, exatos 20 anos depois, alguém ainda se lembraria disso, alguém ainda daria valor ao nosso livro, ao nosso jogo, ao nosso cenário, feito do jeito que achávamos que devia ser feito, com as regras que achávamos que ele deveria ter, sem concessões, sem artifícios, sem macetes ou jogadas de marketing.

É… talvez seja aí que resida o grande segredo da longevidade do Desafio dos Bandeirantes, um RPG sincero, criado por três sujeitos apaixonados por jogos, por histórias e pelo Brasil, e que segue sendo uma referência (cada vez mais esmaecida, é claro!) no cenário do RPG nacional. Afinal, mesmo esgotado desde 1996, o Desafio é sempre lembrado, elogiado e celebrado por jogadores e mestres de jogo das antigas, e por novos bandeirantes, que acabam descobrindo o jogo por acaso.

Em algum lugar, na varanda de um modesto casebre, deitado na rede diante das montanhas e do verde da mata atlântica, este velho bandeirante conta os anos e sorri. Foram 20 anos de muitas histórias: umas alegres, outras tristes. Foram 20 anos de muitas conquistas, de muitas vitórias, de muitos desafios e de muitas, muitas aventuras.

Que venham os próximos 20!

Boas aventuras a todos!

Luiz Eduardo Ricon


P.S.: Fica aqui a minha homenagem a todos os jogadores e mestres de jogo que se juntaram à nossa bandeira desde 1992 e que ainda hoje guardam o nosso querido “Desafio dos Bandeirantes” na memória, na estante ou no coração. A todos esses bravos aventureiros, desbravadores da imaginação, o meu muito obrigado.

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