sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Desconhecido - Passagens





“Sonhei que o céu estava desabando, as estrelas caíam, pedras de fogo que explodiam ao atingir o solo, eu sei que isso é um sonho, sempre estou consciente disso quando tenho um, por isso nunca me assusto, pelo contrário, me torno espectador e até mesmo brinco com tudo, me da uma sensação de segurança saber quem em alguns instantes irei acordar e continuar minha rotina. As coisas estão ficando muito sem sentindo, é o sinal, logo o sonho termina. Estou de volta, não abro os olhos ainda, o frio está intenso, úmido demais, algo está errado.
Minha primeira visão é aquela árvore, imponente e negra, folhas gotejam como sangue, a cama esta em meio a algo que se assemelha a uma floresta. Mas tenho certeza que o sonho já tinha acabado, nunca tive sonhos dentro de outros sonhos, parece tão real. O chão é pegajoso, não tenho muitas opções, acho que só me resta curtir mais esse. Inicio uma caminhada pela floresta, cada árvore parece estar cada vez mais fora do solo, raízes saltam e se contorcem. Um som corta a tranquilidade do local, parece um telefone, corro em direção ao provável som e me deparo com o telefone público, uma cabine meio enterrada no solo, atendo e ouço, a voz diz apenas uma coisa: “Filho me perdoa, errei tantas vezes com você, me perdoa por não ter conseguido te ajudar”, era ela, isso não é possível, não está fazendo sentido, deve ser o fim do sonho, ao fim da ligação ouço apenas “Corra”.
 Ao longe percebo um barulho que se aproxima em velocidade crescente, é como uma manada, logo descubro, uma turba, não animais, são pessoas, corpos unidos ou em posições erradas de membros, outras coisas são humanoides mas não lembram um humano nas suas forma comum, algo como insetos ou bichos, fogem de algo, sim, tão imenso quanto o Empire States vem uma criatura, pernas longas, quadrúpede, se aproxima devagar mas alcança rápido, a boca desce e leva consigo um pedaço de floresta e parte dos seres que fugiam em desespero.
O sonho já deveria ter acabado. O caminho das criaturas junto do meu terminou, é um precipício, eles parecem preferir pular a serem devorados pelo monstro, consigo ver o céu, nenhuma estrela, 3 luas gigantescas e uma imensidão de floresta abaixo continua, estou cercado pela morte. Quem era a mulher ao telefone? Minha mãe, ela morreu há 10 anos atrás.”

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