sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

D&D inaugura nova era comportamental


O precursor dos RPGs teria dado início a uma revolução comportamental. É o que acredita Anthony Savini, diretor de um filme sobre o tema em fase de finalização nos EUA, chamado Dungeons & Dragons: a Documentary. No D&D, os jogadores se valem de livros para simular aventuras em um mundo mágico e medieval. Savini defende que o RPG introduziu a noção de que criamos perfis para nos relacionarmos e reagirmos de acordo com a situação. Uma herança disso está no Facebook: quando atualizamos o status, editamos o dia a dia para apresentar uma versão de nós mesmos. O filme de Savini, que fica pronto neste ano, retrata a história do jogo e suas polêmicas e repercussões culturais.

* O que torna D&D tão especial?
Antes dos RPGs, já havia jogos de tabuleiro e as pessoas jogavam umas contra as outras usando pecinhas. O D&D inverteu isso. Você passava não mais a jogar contra, mas a viver aventuras junto com os outros. Criava, na verdade, um personagem. Não precisava mais de tabuleiro ou peças, só dos seus amigos e uma pessoa com os livros para guiar você pela masmorra [referência ao dungeons do título]. Foi uma ideia incrível. 

* O jogo já foi até taxado de diabólico. Como vocês vão trabalhar esse assunto? 
Muito do que foi dito [acusações de que o D&D incitava os jovens à violência] já foi desmentido. Vamos traçar um paralelo entre jogos modernos e o que estava acontecendo nos anos 1980, comparando com outros exemplos na história. Sempre houve essa percepção de algo mal em relação a coisas novas ou até mudanças positivas. Também vamos abordar como isso afetou o criador do jogo Gary Gygax, já que ele foi atacado. Mas essa história acabou morrendo no começo dos anos 1990.



* Como o D&D influenciou nossa cultura?
Em 1975, seis meses após o lançamento, os criadores ainda tentavam explicar o que o jogo era. Não existia o termo Role Playing Game (RPG). Hoje até minha mãe o conhece. Se você entra em sites como Facebook e Twitter, não vai colocar cada detalhe da sua vida ali. Você edita para que a página mostre uma persona. Isso é próprio do ser humano, mas acredito que, a partir de fenômenos culturais como esse jogo, passamos a lidar melhor com a ideia de que temos facetas diferentes, que se revelam em momentos diferentes.

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