domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Imaginação como criação

O seguinte texto é bastante interessante para nós nesse momento de elaboração do projeto Guardiões dos Sonhos/Sistema "Imaginário", pois reflete claramente o que ele é: a busca por criar através do poder da Imaginação, e o RPG como uma ferramenta ideal para a produção do real...

confiram abaixo:

A imaginação e a fantasia

• Por Piatã Müller

"Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação." Charles Chaplin

A frase acima, que é de um dos grandes gênios da imaginação que o mundo já teve, esconde uma sabedoria importante, mais profunda do que se possa imaginar em um primeiro momento. Mas para iniciarmos a nossa coluna desta semana, gostaria de esclarecer dois conceitos muito importantes para o RPG, e que também o são para a filosofia.

O primeiro deles é o conceito de Fantasia. É muito comum utilizarmos o termo para definir um estilo de cenário no RPG, tal como “é um mundo de fantasia medieval” ou coisas do gênero. Costumamos entender a fantasia como sinônimo de ilusão. Segundo o próprio dicionário: 
“s. f. Imaginação criadora; ficção; coisa que não tem existência real, mas apenas ideal.
Extravagância; alucinação.” Correto, perfeito.

A questão que coloco é... um mundo que criamos com seres mitológicos, monstros horríveis, magia e super poderes, é apenas uma “alucinação”? Uma extravagância? Será que isso simplesmente não tem existência real e fim de papo? (...)

Bom, para continuar a linha de raciocínio, vou recorrer ao conceito que a Filosofia à Maneira Clássica tem da Imaginação para, assim, podermos entender melhor a fantasia. Inicialmente, é importante que saibamos que a Imaginação é uma faculdade da mente, que pode e deve ser desenvolvida através do seu exercício. Inúmeros milionários, atletas, artistas e filósofos sabem do poder que a Imaginação pode chegar a ter. Pessoas com grande capacidade mental e imaginativa tem a possibilidade de entender e compreender coisas que, no normal, teria-se muita dificuldade de assimilar. 

A Imaginação guarda uma relação muito estreita com o futuro. Tudo que foi, é e será criado, passou mais cedo ou mais tarde pela mente de alguém. Houve um ser humano que, através da sua imaginação, concebeu a existência de determinado objeto ou obra de arte antes que eles existissem. 

Há, no entanto, um fator importante a ser avaliado. Uma grande pirâmide do Egito, uma sinfonia de Beethoven, o roteiro de um filme como Matrix ou uma grande empresa bem sucedida, como a tão em voga Apple, com certeza absoluta, não surgiram de um simples devaneio. Nem sequer uma barraca de camping se monta com devaneios, com alucinações. Um Ipad poderia ser considerado uma grande ilusão, um leviano devaneio, uma FANTASIA – antes de ser criado. Mas depois de ter sido criado, certamente não será possível dizer que era irreal; existia, apenas, uma diferença entre o tempo de sua concepção e o de sua fabricação.

A capacidade que permitiu a Muralha da China ser construída foi a Imaginação, não a Fantasia. A faculdade mental que permitiu o querido e saudoso Ayrton Senna ser um dos maiores pilotos da história do automobilismo, foi a Imaginação, não a Fantasia.... ele mesmo narrava que, antes de cada prova, imaginava-se percorrendo o percurso de forma perfeita, para depois fazê-lo concretamente na hora da corrida. Não era real o que estava em sua mente? Pois então, o que nos fica claro é que existe uma diferença fundamental entre a Imaginção e a Fantasia.

A Imaginação é regida pela Vontade do ser humano. Cada um de nós tem o poder de reger a sua mente e conceber ideais que não estão neste mundo concreto, mas que são reais. E que podem, portanto, virem a ser reais no mundo concreto também. A Fantasia é regida por ela mesma, não tem direção, não tem quem a guie. É um devaneio. 

Portanto, percebam.... existe ferramenta melhor para desenvolver a Imaginação do que o RPG? No RPG trabalha-se constantemente, durante horas a fio, na criação de mundos, cenas, personagens, em um processo onde a Vontade de cada jogador deve ser aplicada. Pois, além do mais, faz-se isso colaborativamente, com mais jogadores, em um formato onde, é nítido, devaneios não terão muita duração. Pois a aventura é construída colaborativamente, em conjunto, pautada e, além do mais, em algumas regras que o sistema utilizado irá definir. O que poderiam parecer alucinações, na realidade são "definições imaginativas" bem concatenadas, ainda que com grande criatividade.

Ou seja, RPG é Imaginação, e não Fantasia! E se ele é Imaginação, ele desenvolve esta grande faculdade da mente. Permite-nos entender melhor o mundo e, inclusive, entender melhor a nós mesmos. Sendo assim, gostaria de finalizar com uma pequena paródia da frase de Charles Chaplin, com a qual começamos a coluna.

"No RPG o que importa não é a realidade, mas o que dele possa extrair a Imaginação."

Extraído de: RPG Online

2 comentários:

  1. Kass, a frase que fez parodia é perfeita. É a imaginação qque rege o tom de qualquer aventura de RPG. Entretanto, quando falamos em "Fantasia Medieval", estamos apenas, nomeando um gênero de RPG, onde criaturas fantásticas ganham dimensões realistas.

    Parabéns pela postagem.

    RPGames Brasil
    http://www.rpgamesbrasil.com.br/

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  2. Tem razão...noss atenção especial aqui é também um apelo...jogadores, trabalhem suas imaginações...isso requer memórias, advindas com leituras e outras experiencias com histórias e fantasias...

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