sábado, 21 de janeiro de 2012

RPG divulgado e ampliado em espaços públicos.

Abaixo trazemos um dos textos que foi base para o projeto apresentado à Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, com o objetivo de divulgação e realização de jogos de interpretação de papeis na Gibiteca da Biblioteca pública Arthur Viana. Mais abaixo, o projeto final apresentado com link para download, perfeitamente adaptável para qualquer pessoa ou grupo interessado em "emplacar" algo parecido em sua cidade.  

Projeto Libertando a Imaginação - Sessões de RPG no Centur

“Em época mais otimista que a atual, nossa espécie recebeu a designação de Homo sapiens. Com o passar do tempo, acabamos por compreender que afinal de contas não somos tão racionais quanto a ingenuidade e o culto da razão do século XVIII nos fizeram supor, e passou a ser de moda designar nossa espécie como Homo faber. Embora faber não seja uma definição do ser humano tão inadequada como sapiens, ela é, contudo, ainda menos apropriada do que esta, visto poder servir para designar grande número de animais.


Mas existe uma terceira função, que se verifica tanto na vida humana como na animal, e é tão importante como o raciocínio e o fabrico de objetos: o jogo. Creio que, depois de Homo faber e talvez ao mesmo nível de Homo sapiens, a expressão Homo ludens merece um lugar em nossa nomenclatura.” (Johan Huizinga – Homo Ludens)


RPG: Jogo, Lazer e educação

"O RPG consiste de um jogo*, em que os participantes escutam uma história, ao mesmo tempo que participam dela, criando junto ao narrador o desenrolar dos acontecimentos.


Sendo o mesmo um jogo, entendemos que o RPG possui a capacidade de levar os participantes à reflexão sobre o meio em que vivem, gerando maior percepção e compreensão sobre o mesmo, por conta da relação existente entre seriedade e brincadeira, que trás novo significado, reconstrói, adapta a realidade a partir das necessidades de quem joga; por esse entendimento de Huizinga (1999), coadunamos com sua posição ao considerar que o jogo é responsável pela própria conformação da sociedade humana como é hoje, que antes de tudo era inerente ao homem jogar com os diferentes aspectos de sua vida, para que pudesse aprimorá-los em todos os elementos de seriedade, como nos rituais religiosos, na linguagem, na guerra, na sobrevivência.


Sendo Lazer, possibilita, através dos conteúdos relacionados, um tempo privilegiado para a vivência de valores e satisfações diversas aos indivíduos, seja em relação ao corpo, à imaginação, ao raciocínio, habilidade manual, contato com o outro, conhecimento de outros costumes, entre variados campos de desenvolvimento. Concordamos com Marcelino (1996) ao apontar ser necessário trabalhar para que o Lazer seja um tempo de privilégio para a prática de ações que possam contribuir em mudanças necessárias no aspecto cultural.


Como atividade lúdico-pedagógica, possibilita ao ato educativo os elementos que o brincar tem em importância ao desenvolvimento do indivíduo, este construindo seu arcabouço cultural através do exercício da imaginação, das experiências de memória, ou do trabalho coletivo. Concordamos assim com Kishimoto (1994) ao apontar a formação de seres criativos e críticos relacionados as suas experiências com contos, lendas, brinquedos e brincadeiras.


Por esses elementos, os estudos que se desenvolvem sobre o tema RPG e educação em artigos e teses de mestrado, bem como o trabalho do “Jogo de aprender”, uma equipe multidisciplinar coordenada pelo professor Marcos Tanaka, mostram relevante, destacam e fundamentam cientificamente o RPG como uma rica possibilidade de educação e possibilidade de lazer."

*Johan Huizinga, na obra Homo Ludens, assim defini jogo: “(...) uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da "vida quotidiana.”

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