terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Rolando dados pelo mundo (edição Portugal): Entrevista sobre o RPG em Portugal

“Estamos aqui no meio de dezembro, e é hora de pegar o caminho para outro país onde veremos os dados rolando por lá...e para finalizar, por hora, nossa presença pelo mundo RPGístico de Portugal, vamos aqui para um bate papo com o João Mariano, experiente RPGista e parceiro gente fina que nos guiou com muita simpatia pelos caminhos do que antigamente foi chamado Condado Portucalense, trocou muitas ideias preciosas e dividiu experiências... agora, vamos ver por suas próprias palavras o que conhece e pensa sobre o RPG em seus país, no Brasil e no mundo.” 


“Sempre presente, seja sempre bem-vindo amigo” 

"Obrigado Aforen e cumprimentos para todos os leitores do blogue Espírito Livre!" 

"Vamos aqui a algumas perguntas..."
EL: "Fala-nos um pouco sobre a pessoa e o jogador João Mariano, como foi o encontro com o RPG, e como ele se insere hoje em sua vida." 

Bem, tenho 32 anos e nasci em Setúbal, uma cidade costeira a uns 50 km de Lisboa mas vivo agora em Almeirim, uma cidade pequena perto de Santarém na zona do Ribatejo. Sou professor de Inglês e Português já há uns anos e tenho que admitir que o facto de ler comics e jogar RPG suscitou bastante o meu interesse pelo Inglês como língua estrangeira e pela literatura em geral. Acho que sem essa inclinação pela cultura pop nunca me teria tornado o profissional do ensino que sou hoje. Só ainda não comprei aquela t-shirt onde se lê “Tudo o que aprendi até hoje deve-se ao RPG!” porque ainda não encontrei uma no tamanho certo. (risos) 


João Mariano, nosso guia
Conheci o RPG há uns 15 anos e no seguimento desses meus interesses. Um conhecido meu com gostos parecidos convidou-me para uma sessão de AD&D passada no universo de Ravenloft onde joguei com um mago cujas caraterísticas eram copiadas de uma das personagens mais famosas da trilogia de Dragonlance. A sessão ficou a meio mas fiquei tão entusiasmado com a ideia do que me parecia ser um RPG que acabámos por desencantar a Caixa Vermelha de D&D que tinha sido publicada aqui em Portugal pela Sociedade Tipográfica e mestrei-a para os meus amigos. Apesar dessa primeira sessão não ter corrido muito bem (existiram até pessoas que desde então nunca mais quiseram sequer pegar em algo parecido) rendi-me completamente ao hóbi. Provavelmente o segundo jogo que experimentei foi o Shadowrun através de uma versão fotocopiada (ou xerox) e depois passei para Vampire: the Masquerade sendo que o primeiro RPG que comprei foi o Call of Cthulhu. De lá para cá continuou o meu interesse constante pelo material do World of Darkness da editora White Wolf que no fundo influenciou bastante a minha experiência como roleplayer devido a ser a linha de jogos que mais li e joguei. 


Nos últimos anos, e devido em grande parte ao surgimento da internet e de uma comunidade de jogadores de RPG que se criou à volta do Abre o Jogo, um portal de RPGs e jogos de tabuleiro, tenho-me interessado igualmente por jogos mais experimentais ou mais inovadores que surgiram do movimento “indie”, ou até por jogos vindo de outros países tais como o Brasil e o Japão e sobre os quais era difícil consultar informação fidedigna ou exata. Não deixando claro de ter interesse pela produção dos restantes países europeus, nomeadamente a França e a Espanha, e sobre os quais apenas por aqui podíamos conhecer a sua cultura “rpgística” através de algumas revistas.


Reparei recentemente que não consigo deixar de ler, investigar, pensar e comentar sobre RPG acabando por usar para o efeito as novas redes sociais. Há quem diga que é uma maneira de compensar um novo ritmo de vida mais restringido a horários e com menos sessões de RPG regulares. Isso e o jogar RPGs mais focados para se jogar apenas uma sessão. (risos) 

EL: "Sabemos então que você como professor, já aplicou o RPG em sala de aula; fala-nos um pouco sobre esse tema do RPG e educação, e compartilha a experiência." 

Sim, sim, eu já trouxe o RPG para sala de aula através de algumas atividades pedagógicas Numa primeira tentativa introduzi-o através de uma sessão de “Terra de Og” onde os alunos representavam o papel de homens primitivos detentores de um vocabulário limitado escolhido quando da criação das personagens. Queria assim ilustrar como teria sido o processo de desenvolvimento de uma dada linguagem nos tempos pré-históricos. O interessante é que me baseei numa atividade proposta por um projeto brasileiro chamado Narrativas Interativas, um grupo de estudo que pretendia trazer mais pedagogia ao RPG. Esta atividade tinha sido originalmente criada para o desenvolvimento da competência numa língua estrangeira, especificamente o Inglês, através das tentativas de resolução de problemas com recurso a uma comunicação limitada por glossário finito. A situação de comunicação tinha um contexto funcional específico (“Temos que encontrar comida para a tribo!”) e um aspeto lúdico atrativo que motivaram uma aprendizagem quase inconsciente dos conceitos a serem transmitidos. 


Talvez seja esse o potencial que o RPG pode trazer à Educação: contextualiza o saber-fazer sem limitações de espaço ou de tempo e de um modo bastante acessível quer a nível de recursos quer a nível de auto-motivação. 

Também cheguei a introduzir o RPG como atividade extracurricular mas na sua vertente mais lúdica e como divulgação da sua introdução posterior numa atividade de reconstituição histórica que iria ocorrer durante o ano letivo. Para o efeito cheguei a mestrar sessões de Dungeons & Dragons e também Old Dragon com graus de sucesso diferentes em termos de articulação das regras por parte dos jogadores mas com resultados entusiasmantes no que diz respeito à melhoria da capacidade de concentração por parte dos alunos e do trabalho em equipa. 

EL: "Poderia nos resumir um pouco como foi o desenvolvimento histórico dos jogos de RPG em Portugal?" 

Posso sim. Apesar de ser um pouco antes do meu tempo tenho conhecimento de que os RPGs começaram a ser introduzidos em Portugal durante os anos 80 por alguns fãs que os trouxeram do estrangeiro. Foi dessa maneira que o Dungeons & Dragons, e outros jogos seus sucedâneos, começaram ser fotocopiados e distribuídos pelos futuros jogadores pois eram demasiado caros e difíceis de se adquirir. 


No início dos anos 90 abriram algumas lojas especializadas e clubes de jogo nas grandes cidades como Lisboa e Porto e deu-se assim uma grande expansão dos RPGs entre os gamers apesar de existir já alguma tradição de jogos de estratégia e de miniaturas. Era normal encontrar-se à mesa de jogo RPGs como Dungeons & Dragons, Call of Cthulhu, Middle-Earth Roleplaying, Shadowrun e Mechwarrior e claro Vampire: the Masquerade e os restantes jogos do World of Darkness. 


Durante este período também se conseguia adquirir, através de importação, revistas da especialidade sobre RPGs: não só as norte-americanas Dragon e Dungeon como também revistas francesas como a Casus Belli. Alguns dos jogadores de RPG dos anos 80 com alguma inclinação francófona e gosto por jogos de guerra tinham igual conhecimento de causa dos jogos de produção francesa. 


Foi também através das bancas que apareceu no mercado o First Quest da Editora Abril em meados desta década. Além desta edição brasileira de Dungeons & Dragons em fascículos também foi publicada a Caixa Vermelha de que falei anteriormente, uma tradução portuguesa da chamada versão Mentzer de 1983, que pelo que sei também introduziu igualmente muita gente aí no Brasil. 


Também surgiram alguns artigos e reportagens raros nos jornais e revistas de grande tiragem sobre o RPG nesse seu período de grande popularidade. Aliás eu já cheguei ouvir relatos de que chegaram a ser publicados jogos de RPG por este meio mas não o posso afirmar com muita certeza. 


No fim dos anos 90 e com o aparecimento do Magic: the Gathering e outros jogos de cartas colecionáveis a Devir apareceu em Portugal como a grande distribuidora de jogos de vários tipos incluindo RPGs. As suas lojas Arena mantêm-se até hoje em Lisboa e no Porto, ao contrário de muitas outras que entretanto fecharam, e são um dos poucos sítios atualmente onde se podem adquirir as traduções brasileiras da Devir. 


Os RPGs em língua portuguesa nunca se implantaram muito por cá e como tal talvez seja essa uma razão pela qual, de entre outras, nunca tenha surgido um RPG português. Posso até dizer que o grande “sinónimo” de RPG por aqui seja mesmo o Dungeons & Dragons que continua a ser bastante jogado na sua versão original em inglês. 


Por acaso existe uma certa lealdade dos grupos de jogo a um certo RPG ou estilo de jogo e como tal muitas das mesas de jogo não comunicam muito entre si nem são muito abertas à entrada dos novos jogadores. Acho que este aspecto tornou o hóbi do RPG bastante insular cá em Portugal o que não ajudou à sua divulgação na mídia e portanto fez esmorecer bastante a sua humilde popularidade. 


Nos últimos anos e devido em grande parte à internet e ao portal chamado Abre o Jogo os apreciadores de RPG têm-se agregado mais e já se organizaram encontros mensais de RPG quer em Lisboa quer no Porto a que se juntam dezenas de participantes. No portal e nestes encontros costumam ser apresentados todos os tipos de jogos, incluindo os grandes sucessos comerciais dos últimos tempos como também algumas novidades dos chamados “indie”. 

EL: "E hoje, como o mercado de RPG em seu país vem-se desenvolvido? Quais as perspectivas?" 

Bem, hoje em dia o mercado do RPG é bastante pequeno. Arriscaria a dizer até que existirão apenas centenas de jogadores e que só uma parte deles são efetivamente consumidores de produtos de RPG ou derivados. 


As lojas que habitualmente vendem jogos de mesa não costumam ter muitos jogos de RPG à venda a não ser alguns livros base de D&D e alguns seus suplementos ou um outro livro de RPG avulso que não se vendeu ou não foi levantado por quem o encomendou. 


Existe uma tendência cada vez maior por parte dos consumidores portugueses de comprarem os seus livros online apesar de alguns recearem ainda esse tipo de compras. Algumas lojas online facilitam compras sem portes de envio e como estão estabelecidas dentro da Comunidade Europeia estas encomendas não têm de sofrer atrasos e taxas adicionais nas alfândegas o que lhes torna a compra bastante apelativa. 


A dificuldade de importação é uma das razões pelas quais os jogos de RPG brasileiros, agora com uma nova vaga de criações inspiradas, não têm sido disseminados por aqui e apesar até do Euro ser uma moeda mais forte que o Real. Existe sempre uma forte possibilidade dos livros ficarem retidos para verificação aduaneira e poderem sofrer uma taxa alfandegária pesada e aparentemente arbitrária. 


Por outro lado aqui por Portugal não existe qualquer tipo de preconceito ou julgamento prévio quanto a este tipo de entretenimento tal como existe noutros países. No fundo existe é um grande desconhecimento, o que leva o RPG a ser confundido com os RPGs eletrónicos ou com os CCGs e outros jogos de mesa. 


Devido a esta tabula rasa e ao facto de que em tempos de crise económica o RPG é um hóbi relativamente barato e cheio de potencial não duvido que haja espaço para que este cresça. Claro que este crescimento nunca poderá ser tão grande como o alcançado por aqui pelos jogos de tabuleiro modernos. O sucesso destes últimos tem até possibilitado convenções locais, designers nacionais com publicação no estrangeiro e divulgação visível nas estações televisivas e jornais de grande tiragem. 


Apesar de começar a haver alguma produção portuguesa de autor disponível na internet esta é bastante recente e não conseguiu chegar ainda às mesas de jogo de modo a adquirir alguma popularidade ou até o playtest suficiente para os tornar produtos mais eficientes e de qualidade profissional. A maioria deles não conseguiu inclusive ter uma versão impressa ou publicada em grande série a não ser por um ou outro fã com acesso fácil a uma impressora e muitas resmas de papel. (Risos) 


Já existiu um caso de Print on Demand de pequena tiragem com o RPG Sangue-Frio do Ricardo Tavares, um jogo onde vampiros anciãos acordam de torpor e através de instruções escritas realizam um ritual para resgatarem as suas memórias perdidas no tempo. Contudo apenas uma dezena de cópias foi impressa e oferecida diretamente pelo próprio autor. 


De momento por cá é complicado arriscar monetariamente numa publicação impressa de modo a criar visibilidade e consequentemente consolidar o mercado de RPGs nacional. Com o surgimento de empresas de distribuição eletrónica que incluem Print on Demand como a DrivethruRPG essa hipótese torna-se, na minha opinião, bastante mais acessível. 

EL: "Você é alguém que sempre está ligado ao cenário RPGístico brasileiro, e recentemente esteve muito presente no RPGênesis 2011, organizado por responsáveis da rede de RPG de Brasil e Portugal. A seu ver, qual a importância dessa relação para ambos os países?" 

É verdade, há já uns anos que sigo mais de perto o RPG no Brasil e parte desse interesse vem do meu entendimento que já que partilharmos a mesma língua e os mesmos antecedentes culturais devíamos também trocar mais impressões de maneira construtiva criando pontes entre os dois lados do atlântico que ajudem a fortalecer o hóbi e criar uma expressão que lhe seja muita própria. 

Daí as minhas primeiras investidas em examinar o RPG 3D&T Alpha mais de perto e publicar uma resenha minha nos fóruns da Editora Jambô ou até em ouvir podcasts brasileiros como o Vozes da Terceira Terra. 


No último ano, e depois de uma troca de comentários relativos a um episódio do podcast Café Imaginário, surgiu uma iniciativa chamada pomposamente de “Aliança RPG” entre o Marcos Silva e o Danielfo do blogue brasileiro Pensotopia, o Ricardo Tavares do podcast português do Jogador-Sonhador e a minha pessoa. A ideia era mesmo aproximar as culturas RPGísticas de cada país através de troca de ideias e impressões. Desse grupo com interesses semelhantes desenvolveram-se alguns projetos (traduções conjuntas e sessões de jogo gravadas de jogos originais por exemplo), sendo que o RPGênesis (ou RPGénesis por aqui) foi o que o alcançou mais visibilidade e se revelou mais produtivo. 


O RPGênesis é uma criação do Ricardo Tavares e da Ana Cláudia Silva e teve a sua primeira edição no portal Abre o Jogo. Este é uma iniciativa online de escrita de RPGs, na senda do NaNoWriMo, a que qualquer um pode-se juntar para criar um jogo original durante um perído de apenas uma semana. Na sua primeira edição ano o RPGênesis teve alguma adesão por parte de portugueses e lá se conseguiram criar uma meia-dúzia de projetos interessantes de RPG. No segundo ano juntou-se à organização o Marcos Silva, também do podcast maisRPG, e o fórum GaragemRPG do Cochise César. O GaragemRPG é basicamente um ponto de encontro virtual onde se discute design de RPGs foi inclusive uma parte ativa do Concurso Faça Você Mesmo de Criação de Jogos da editora Secular Games. 


Ou seja este ano o RPGênesis teve uma grande explosão de participantes de ambos os países de Língua Portuguesa criando-se assim alguma sinergia na troca de ideias que não só possibilitou uma maior divulgação das criações além-fronteiras como também algum feedback crítico baseado num mesmo… não sei… num mesmo “espaço mental” baseado numa linguagem em comum e que se revelou bastante essencial. 


Além do mais não poderia deixar de referir que em termos comerciais esta relação entre países também tem grande importância pois uma maior abertura entre si dos dois mercados permitirá maior sucesso na distribuição dos produtos de RPG em Língua Portuguesa. 

EL: "Fala-nos um pouco sobre o que criou no RPGênesis, se tem outras criações, e se pretende levar mais a frente, mesmo como hobby, a tarefa de “RPG designer” " 

Para o RPGênesis eu escrevi o “Numis: Crónicas das Moedas Mágicas” (mas ainda não acabei de o escrever pois ainda se encontra em desenvolvimento), um jogo onde crianças viajam a mundos fantásticos, por meio de moedas mágicas, resgatando assim ideias brilhantes capazes de mudar o mundo. 

Não sei bem o que posso falar sobre ele e acho que até seria um pouco cansativo estar aqui a descrevê-lo em detalhe… Ainda por cima quando o próprio Espírito Livre fez uma boa apresentação sobre o mesmo. (risos) 


Mas posso sempre falar da sua “gênese”!... 


O Numis é uma ideia bem antiga que eu venho desenvolvendo desde que pensei pela primeira vez em criar um RPG. Aproveitei foi o desafio do RPGênesis para não ter mais desculpas para não o escrever. (risos) 


Existem várias ideias base por detrás da sua criação e que são de certo modo algumas fixações minhas… 


Sempre quis, por exemplo, que existissem mais RPGs para jovens jogadores, e em particular jogos que tivessem uma ambientação que se aproximasse de maneira pouco condescendente à nossa cultura mais fantástica sem que esta fosse retratada como algo aborrecido. 


Também queria que existissem pontos de contato que reforçassem a ficção criada à mesa de jogo: o uso das moedas que funcionam tanto como “moeda de troca” com que os jogadores contam a história e são elas próprias o meio de se entrar nos reinos fantásticos nela descritos; o texto de jogo estar na primeira pessoa e explicar através das experiências “verídicas” do seu autor como se levar a cabo a viagem fantástica; ou até o necessário “ritual de invocação” que inicia solenemente a viagem, em jeito de abertura de sessão de jogo, e o “pergaminho ritual” pertencente a cada um, em jeito de folha de personagem, que descreve a identidade futura de cada viajante e seu animal mágico. 


A ideia de que as regras e componentes de jogo descrevem e manifestam-se evidentemente no universo fictício que lhe pertencem é uma constante nos meus “projetos” de design de RPG. 


Por exemplo outra ideia minha, o “Mythos”, é um jogo que emule o género da prosa épica grega patente nas obras como a “Ilíada” e a “Odisseia”. Para esse efeito todo o andamento do jogo está bastante entricheirado em convenções do género (o uso de epítetos para se descrever cada protagonista heróico, por exemplo) como também na sua estrutura narrativa (sendo imperativo que a ação comece in media res, por exemplo). 


No caso de outro projeto, o “TimeBombers”, cada agente de uma agência secreta tenta evitar o ataque de “terroristas temporais” ao longo de várias épocas da história tendo um limite de tempo de uma hora e alguns minutos para levar a cabo a sua missão, tal como qualquer bom filme de ação que seja sucesso de bilheteira num verão quente. Além de que estes agentes são na verdade os próprios jogadores que ao lerem o texto de jogo em forma de “Manual de Agente Temporal” conseguem usar o processo de regressão temporal para possuírem o corpo (e algumas memórias) dos seus antepassados que nem sequer sabiam que existiam. O sistema de conflito seria baseado numa espécie de reescrita constante da realidade como se se pudesse avançar e recuar no tempo antecipando os movimentos do adversário. 


Eu gostaria bastante de levar esses projetos todos a bom porto conseguindo efetivamente transpô-los para o papel (ou outro equivalente digital) e vê-los a ser jogados por aí. Se para que isso aconteça tenha que se passar realmente por uma publicação mais comercial não duvido que existam mais possibilidades de se o fazer hoje do que há uns anos atrás. Só não me considero propriamente um “designer de RPGs” (nem de perto nem de longe!) cujos méritos sejam capazes de fazer valer a pena correr esse risco. (risos) 

EL: "Por fim, o espaço é todo seu para um recado aos RPGistas brasileiros." 

Bem, agradeço desde já todo o vosso interesse pelo RPG em geral e em especial pela maneira como se o joga e se o aprecia aqui deste lado do Oceano Atlântico. Espero ter sido um bom guia e ter conseguido satisfazer a vossa curiosidade da melhor maneira! 


È meu o desejo que celebrem este nosso hóbi durante muitos anos e através de bastantes jogos de RPG: todos diferentes e interessantes quanto o número de pessoas que vos rodeiam em boa companhia. Abraços e tudo de bom!

4 comentários:

  1. Grande João Mariano, ótima entrevista.

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  2. Obrigado pelos elogios, John. :) E fico também agradecido pela oportunidade que o Aforen Kass meu deu: obrigado!

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  3. Bacana saber mais sobre o jogo em outros países, ainda mais Portugal! Conheci o Les Ombres d'Esteren (da França) por causa de outro português que frequenta alguns blogs brasileiros e mantém um blog em francês, o Scriiipt.com .

    Tenho acompanhado a revista Casus Belli com meu pouco conhecimento e é bastante interessante.

    Esta produção de jogos em alguns países europeus parece mesmo ter relação direta com uma cultura prévia de jogos de tabuleiro, boardgames, tanto quanto a existência de lojas. Vi lojas na Espanha de jogos de tabuleiro, quadrinhos (comic books) e que também aproveitavam para vender RPGs. O mesmo na França.

    Abraços!

    Gilson

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  4. Olá Gilson! :)

    Os primeiros RPGs franceses de que tive conhecimento foram mesmo através da Casus Belli em meados dos anos 90. Era uma revista bastante completa pois não se cingia só a RPGs apesar de lhe dedicar grande parte ou talvez por talvez já se estar na explosão dos CCGs.

    Hoje em dia talvez seja difícil escapar também ao atrativo dos jogos de tabuleiro pois os chamados "eurogames" são sucessos de venda e de popularidade. Estes já originam criações nacionais, traduções, convenções com milhares de pessoas e convites a designers de renome.

    Nos anos em que o RPG deu aqui os primeiros passos eram os "wargames" que se destacavam mesmo pela diferença. :)

    Entretanto já mandei um mail pelo formulário de contacto do Scriiipt e fiz-lhe alguma publicidade nas redes sociais. Espero que se consiga estabelecer algum contacto para que se possam apresentar à nossa comunidade alguns desses jogos franceses realmente fantásticos.

    Abraços,

    João Mariano

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