domingo, 30 de outubro de 2011

RPG e Educação é tema real e necessário.

O pessoal do "Vila do RPG" mandou muito bem ao organizarem e ministrarem um mini-curso sobre RPG e educação em Fortaleza, em uma iniciativa ousada e muito importante para a difusão dos jogos de interpretação de personagem e o objetivo de torná-los mais populares; pelo menos acredito que esse deve ser um dos vários objetivos entre os amantes desse tipo de jogo. O exemplo deve ser seguido por profissionais e mesmo jogadores interessados em RPG nos demais estados; seria importante também a divulgação do projeto documental para uma base aos interessados nos demais lugares.

Abaixo a matéria publicada no sitio contando como foi a experiência dos responsáveis desde as primeiras ações para que o projeto andasse até a experiencia em sala de aula.

Relato: Curso de RPG e educação no SENAC

Mês passado, no período entre os dias 19 e 23 de setembro, dois dos integrantes do grupo Vila do RPG ministraram no SENAC do centro de Fortaleza, um curso sobre RPG e Educação, com o tema Usando os Jogos de Interpretação de forma Lúdico-pedagógica. Esta parceria surgiu mais especificamente um pouco antes do FORPG, evento realizado por nós no Centro Cultural Banco Nordeste, em julho deste ano. A instituição, desde o início, apoiou a iniciativa de maneira incondicional, e demonstrou grande interesse em conhecer um pouco mais sobre a metodologia do jogo, em aspectos lúdicos e didáticos. Diante disso, eu e o Dmitri Gadelha, enquanto educadores, criamos um projeto, após alguns meses de pesquisa, e o apresentamos ao SENAC, que acolheu imediatamente, sempre com uma grande expectativa sobre o tema. O curso, neste primeiro momento, foi voltado a funcionários e professores da própria instituição.

Falando um pouco mais sobre o andamento das aulas, o curso, por ter 20 horas, permitiria uma abordagem bastante superficial do conteúdo, no entanto, seria o suficiente para a plena compreensão dos aspectos fundamentais da união entre lúdico e pedagógico, proposta nesta linha de trabalho relacionado aos jogos de interpretação. As aulas foram dividas essencialmente em dois focos, como veremos a seguir.

No primeiro, apresentamos o jogo em si, atitude essencial, já que o público era inteiramente leigo no conhecimento sobre RPG. Somente a partir da percepção dos benefícios intrínsecos ao jogo, como a diversão, interação social e cooperação, poderíamos introduzir conceitos didáticos ligados a esta proposta inicial. Neste primeiro momento surgiram muitas dúvidas, especialmente sobre características bem comuns relacionadas ao jogo, tais como:Qual o papel do mestre? Como interpretar o personagem? Para que serve a ficha de personagem? Dúvidas comuns, porém bastante úteis. Através delas, percebemos tanto o grande interesse dos alunos pelo conteúdo, quanto a ansiedade por avançar nos aspectos ensinados. Ao final desse processo, jogamos uma partida com a turma, divida em duas mesas com cerca de 8 jogadores cada. A partida, elaborada pelo professor Dmitri Gadelha, foi relacionada com o período colonial brasileiro, mais especificamente no período da exploração aurífera nas Minas Gerais, no século XVIII. O exercício serviu para introduzir na prática, conceitos que falamos na teoria. Como, por exemplo, a inserção de conhecimento prático através da narração, tendo neste aspecto, o narrador papel de educador também. O envolvimento, claro, foi imediato! Formulamos classes básicas, baseadas em tipos da época e os alunos voaram no cenário de campanha. Metodologia extremamente proveitosa, e que deixou um gostinho de “quero mais” em todos os envolvidos.

Na segunda parte do processo, desenvolvemos as características responsáveis pela união lúdico-pedagógica do jogo, e por fim, como montar uma aventura tendo embasamento em um conhecimento específico, no caso deles técnico, com uma narração de RPG. Nesta parte do curso imergimos nas técnicas utilizadas em uma atividade envolvendo jogos de interpretação, e quais os recursos mais comuns e agradáveis ao público. Como professores de cursos técnicos, os alunos ficaram com muitas dúvidas de como aplicar na prática alguns conceitos do jogo. Aqui foi o momento da apreensão do que tinham apreendido para a montagem de uma atividade prática, inserindo conceitos de suas diferentes áreas. Feito isso, passamos a analisar cada uma delas, dando dezenas de exemplos e dicas sobre a implantação de conhecimento em uma camada profunda cercada de um cenário atraente e divertido acima de tudo. Foram muitas dúvidas, discussões de temas e objetivos, e esclarecimentos.

Passado o curso, avaliamos, já no fim da última aula, o saldo do mesmo: extremamente positivo! Os alunos saíram pedindo uma extensão, e a coordenação do SENAC nos solicitou de cara um projeto ampliando o curso. Fato, mais que suficiente, para provar a boa receptividade entre os participantes e a instituição. Nestes 5 dias de muito trabalho e dedicação, nos foi possível ver, claramente, como o RPG vem sendo, finalmente, visto como algo positivo e engrandecedor. Todos saíram com a mente trabalhando para desenvolver atividades relacionadas a jogo, e ampliar os conhecimentos adquiridos através de outras leituras. O que, mais uma vez, reforça a aceitação do mesmo entre os profissionais/alunos que se envolvam tão profundamente neste curso.

Nós do Vila do RPG agradecemos imensamente o respeito e profissionalismo com que sempre fomos tratados pelo SENAC e a todos os alunos que compareceram durante todas as noites, mesmo após um dia cansativo de trabalho, para conhecer este jogo tão estranho e maravilhoso e, o mais importante, por terem aceito tão bem e visto as reais possibilidades do uso do RPG como uma importante ferramente educacional.

Sérgio Magalhães

3 comentários:

  1. Muito obrigado pela repostagem do nosso conteúdo e pelos comentários positivos à nossa iniciativa, camaradas.

    A ideia é mesmo difundir o nosso tão querido hobby como uma das várias formas de se fazer educação, usando o lúdico como ferramenta pedagógica. Essa é uma temática cada vez mais em alta no Brasil, e, felizmente, as instituições começam a perceber que o RPG não é apenas uma brincadeira, mas algo extremamente rico e complexo. No que depender do nosso grupo, o vila do RPG, tenham certeza que ainda haverão várias iniciativas nesse sentido.

    Novamente obrigado e um grande abraço!

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  2. Certamente, precisamos ser os aventureiros que explorarão cada possibilidade nesse tema, difundindo os jogos de interpretação de personagens aos quatro ventos e tirando o mesmo do desconhecimento do público em geral. Esse é um de nossos objetivos, deve ser o de todos aqueles que se organizam em nosso hobby.

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