Como divulgamos aqui, nos dias 1 e 2 de dezembro ocorreu o 1º Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia, com o subtema: Mergulhar na memória, revolver histórias, realizado no Centro Cultural Tancredo Neves - CENTUR -, uma das principais casas de cultura de Belém do Pará. O evento, voltado para a arte da Narrativa e da Contação de histórias, agregou estudantes e profissionais ligados e interessados pelo tema.
Nada mais claro para nós, RPGistas, que esses temas estão totalmente relacionados aos nossos jogos; sendo assim, nos apropriarmos destes conteúdos e sabermos sobre o que está sendo discutido no Brasil acerca da arte de contar histórias, acredito eu ser um critério básico para ampliarmos o "status social" dos jogos de interpretação de personagem.
Não sei quantas pessoas que jogam RPG estavam presentes, mas garanto aos faltosos, principalmente aqueles que veem o RPG como algo mais além de "encontrar com os amigos", que perderam em muito. Tive a oportunidade de estar presente e afirmo que foi um espaço muito qualificado e que demonstrou a importância das histórias, da leitura, da imaginação, do lazer, do lúdico, da leitura, e mesmo do jogo, para a sociedade.
1º DIA
Com a presença de, estimo eu, umas 200 pessoas, o 1º dia iniciou pela tarde com recitações poéticas de um grupo de Poesia do estado, chamado (salvo engano) Extremo Norte; logo depois, uma mesa de abertura com um representante da Fundação Tancredo Neves, uma professora da UEPA, e o Poeta e escritor Juraci Siqueira, o melhor na mesa a meu ver, e destaco suas palavras: "A contação de histórias como mediadora da leitura". Após esta, a Profª Drª Renilda Bastos – UEPA e Profª Drª Josebel Fares – UEPA, estiveram em uma mesa abordando o tema da Memória como importante ferramenta do ato de contar.
Após esta, a tarde se encerrou com o Prof. Msc. Celso Sisto – Escritor, ilustrador e contador de histórias, que destacou teorias e técnicas de como fazer uma boa narrativa, e destaco das mais importantes, segundo ele, "o contador tem que acreditar no que está contando, para fazer quem escuta acreditar na história" e ainda: "é preciso ter um arcabouço de histórias, e não se consegue contando apenas uma vez" O dia se encerrou com uma roda de histórias no hall térreo, com um grupo de contadores organizados da região, e onde os presentes foram convidados a virem contar suas histórias.
2º DIA
Iniciando pela manhã, esse período todo do dia foi dedicado a oficinas, que abordaram teoria e prática da narrativa, para um público menor que se inscreveu previamente nas mesmas. Pela tarde, o inicio com relato de experiências abriu, o que para mim, foi a melhor palestra do evento. Daniel Munduruku, Escritor e Professor com dezenas de títulos e prêmios, um indígena do povo Munduruku (e não um índio, como o mesmo expôs, derrubando a ideia de uma palavra que coloca, de forma preconceituosa e estigmatizante, tantas diferenças em um mesmo "bolo"), foi fantástico ao dizer:
"Fico muito feliz de voltar a minha terra (...) temos vocação de sermos contadores de histórias (...) vivemos em uma terra de sonhos. Contar histórias é resistir à sanha capitalista, que quer destruir nossos sonhos"
Ou o cara é um Filho de Gaia ou é um Parente; esbanjou a sabedoria da Mãe Gaia a cada palavra, e com isso ganhei meu dia. Após ele, mais uma roda de histórias que encerrou o 1º Encontro de Contadores de Histórias da Amazônia.
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