Gostaria de fazer uma análise sobre algo que aconteceu em uma sessão da nossa mesa online outro dia, que mostra um aspecto interessante do estilo de jogo que mais gosto. Vamos aprender sobre o que significa descrever as ações de seu personagem, antes ou em vez de simplesmente fazer testes para determinar o sucesso de seus atos.
Contextualizando
Os personagens chegaram à capital do reino de Bruntoll, a grande Villalobos. Entretanto, foram barrados nos portões da cidade, pois dali a três dias aconteceria uma festa em razão do encontro dos três reis...
Como estavam seguindo o rastro de uns bandidos, cada personagem foi para um portão separado. Uns submeteram-se à revista da guarda, outros entraram sorrateiramente sem ser vistos, e o cavaleiro Cerdic quis fazer algo inusitado: convencer o guarda a levá-lo a seu capitão, para que pudesse informá-lo dos planos dos bandidos.
1 [Cerdic Bradford] (Eu vou tentar um teste de carisma... Usando da oratória pra passar armado, e se pah conseguir uma audiência)
2 [Mestre] (Faz o discurso aí Cerdic. Os dois guardas pediram pra vc descer do cavalo e estão com as lanças apontadas em sua direção)
3 [Cerdic Bradford] Sou Sir Cerdic Bradford, Cavaleiro filho de Fergus de Nelgobell... Tenho notícias que podem salvar vidas, evitar o massacre de tão bem guarnecida cidade. Baixem suas lanças e concedam-me uma audiência com seu superior, e me agradecerão no fim das contas. (Sem pegar em armas, braços em posição de rendimento, se põe para frente)
4 [Mestre] (Os guardas ainda empunham suas lanças e ordenam mais uma vez) Ninguém entrará nesta cidade sem ser revistado e deixar suas armas nesta guarita! Desça do cavalo agora! (Após falar isso, Cerdic vê que o homem pega um apito pendurado em seu pescoço e leva-o aos lábios, pronto para utilizá-lo)
5 [Cerdic Bradford] (Desce do cavalo) Digo novamente que trago notícias de valor incalculável... Sou um Cavaleiro, jurei sob a espada de manter-me verdadeiro, e podem confiar em mim. Vilalobos corre riscos! (posso fazer um teste de Carisma mestre?)
6 [Mestre] (O homem fita Cerdic, ainda com o apito nos lábios. Ele então olha de relance para o outro guarda a seu lado, baixa a lança e diz ao cavaleiro) Espero não estar enganado, mas vou lhe dar um voto de confiança. Sempre ouvi dizer que os cavaleiros de Nellgobel são dignos e mantém sua palavra
7 [Cerdic Bradford] Ouviu certo, guardião. O tempo é nosso inimigo, tenho Vilalobos como uma aliada ameaçada. (Pega nas rédeas de Áureo, pronto para conduzí-lo onde o guarda o levaria)
Análise
Buenas, no item 1 o Felipe, que interpreta o cavaleiro Cerdic, começou o diálogo da pior maneira possível (na minha opinião, lógico. Se você não partilha desta opinião, ótimo). Logo de cara ele pediu pra fazer um teste, que é uma das coisas que eu realmente não gosto.
Mas enfim, logo em seguida, no item 2, pedi que ele "consertasse" a mancada, ou seja, ao menos dissesse qual seria a "oratória" que o cavaleiro iria usar, para depois fazer o teste.
No item 3 Cerdic tentou se impor, chegando até mesmo a dar ordens aos pobres guardinhas. Não gostei muito da arrogância do cavaleiro e resolvi complicar as coisas no item 4 #trollface
Aí veio o item 5, que me deixou boquiaberto. Cerdic desce do cavalo, obedecendo à ordem do guarda, para então colocar sua honra na balança, reafirmando seu juramento diante dos homens de armas, afirmando que jamais iria mentir. Eu fiquei tão abismado com a resposta dele que entre os itens 5 e 6 eu fiz o seguinte comentário:
[Mestre] (caras, ISSO é Old School. Não tem raio de regra nenhuma em lugar nenhum, dizendo que se o cara for cavaleiro e tiver feito um juramento pode fazer um teste de carisma pra convencer os outros de que tá falando a verdade. Old School é o cara convencer o mestre de que isso se encaixa na história. Pela criatividade e old schoolidade não precisa nem fazer teste)
Resumindo
Em suma, quando dizemos que Old School significa narrar e dar detalhes sobre como o personagem quer realizar um feito, não estamos pedindo para que o jogador descreva detalhadamente coisas sobre as quais ele não tem conhecimento na vida real. Basta um pouco de imaginação e capacidade argumentativa, pra convencer o Mestre a dar uma chance, um bônus, ou seja lá o que for.
Fonte: O Clérigo
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"Me fale o que vai fazer, que eu te digo se vai ou não precisar fazer um teste"
-Minha frase predileta.
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