Matéria extraída do site http://metagamers.com.br está tão perfeita que não poderia deixar de publicar aqui no blog. Com ela fica claro para quem é novo e veterano a importância e abrangência do Dia D RPG para o cenário RPGistico brasileiro.
DIA D RPG
Nos dias 10 e 11 de setembro de 2011, teremos o Dia D RPG em 12 cidades brasileiras. O Dia D foi criado em 2007 e parece que, desde então, vem desafiando alguns lugares-comuns no que diz respeito aos eventos RPGísticos.
por Lady Nottingham e Deadlander
Saber que o Dia D RPG seria realizado mais uma vez em 2011 foi algo que fez Lady Nottingham sorrir, porque ela tem essa tendência a torcer pelos bravos que não se entregam antes do apito final e, às vezes, nem mesmo depois que o jogo termina.
Fazíamos parte da LUDUS CULTURALIS quando Carlos Eduardo "Caco" Lourenço apareceu com a ideia aparentemente maluca de reunir pessoas interessadas em promover eventos de RPG em suas cidades para, juntas, organizar um mega-evento nacional, mas compartimentalizado em diversas localidades. Em outras palavras, realizar eventos de pequeno a médio porte em cinco, dez ou mais cidades brasileiras num mesmo dia, com uma programação nacional comum, transmitida online, e atrações locais variadas.
Era 2007. E o primeiro Dia D RPG foi realizado em 21 cidades em 11 estados brasileiros. Os eventos locais reuniram de quarenta a mais de mil pessoas, e a estimativa é de que o total de participantes, somando-se todas as cidades, tenha sido de 7 mil. No ano seguinte, o Dia D RPG chegou a 30 cidades de 15 estados, além de localidades no Chile, no México e no Peru, reunindo mais de 9 mil participantes.
A LUDUS e o Caco saíram de cena, o Dia D RPG encolheu um bocado, mas não desapareceu. Algumas células criadas para realizar o evento sobreviveram a várias adversidades, resistiram e perseveraram. Lutam todos os anos para conseguir o local, os voluntários, os patrocinadores, para fechar uma programação, criar atrações. Levam dores de cabeça para casa, correm sério risco de perder os amigos (porque organizar eventos é uma coisa estressante), mas continuam, não desistem, ano após ano.
E o preço do ingresso costuma ser a doação de um quilo de alimento não perecível para uma instituição de caridade local.
Neste ano de 2011, o Dia D RPG Brasil acontecerá nos dias 10 e 11 de setembro em 12 cidades: Ararquara/SP, Belém/PA, Campina Grande/PB, Cariri/CE, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Macapá/AP, Manaus/AM, Recife/PE, Salvador/SA, São Luís/MA e Sobral/CE.
O tema do evento é "terror" e vocês podem conferir a programação nacional e local (de cada cidade) aqui. Os destaques são o RPG zumbi-apocalíptico Terra Devastada, da RetroPunk, com direito a palestra do autor John Bogéa; e Vampiros: Manual de Conversão da Devir Livraria.
Mas este post tem a intenção de comentar como é que o Dia D RPG desafia certas pressuposições muito disseminadas a respeito de eventos de RPG:
1. Evento que dá certo é aquele organizado por profissionais — no sentido de "aqueles que ganham a vida fazendo o que fazem" –, e não por amadores — no sentido original de "aqueles que amam o que fazem".
Quantos organizadores locais do Dia D RPG podem dizer que vivem da realização de eventos? E como é que estão promovendo a festa há cinco anos se só profissionais poderiam supostamente garantir o sucesso da coisa?
E, considerando que, em geral, o ingresso do Dia D RPG é gratuito (principalmente porque realizado em espaços públicos, como a Gibiteca de Curitiba), não se pode exatamente afirmar que os organizadores do Dia D ganhem alguma coisa significativa com isso.
O saber-fazer é importante, não vamos negar. Mas boa vontade e empenho também são. E as células organizadoras do Dia D RPG estão trocando informações, ideias e experiências há anos, auxiliando umas às outras. Estariam reiventando a roda? Se for isso mesmo, e daí? Não muda o fato de que estão conseguindo cumprir seus objetivos.
2. Eventos de pequeno a médio porte não valem o esforço de sair de casa.
Talvez essa afirmação aí valha para algumas pessoas, principalmente em certas capitais, como Rio e São Paulo. Mas, enfim, são cinco anos de Dia D RPG. Então só podemos concluir que existem muitos RPGistas por aí interessados em participar de eventos locais que não têm o porte de um Encontro Internacional de RPG (no seu auge, o EIRPG chegou a reunir algo em torno de 12 mil pessoas num único fim de semana).
3. Não existe "vida RPGista" no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo.
Doze cidades participando do Dia D RPG e nenhuma delas é Rio de Janeiro ou São Paulo. Aliás, não há nenhuma representante no estado do Rio e temos só uma cidade do interior de São Paulo. A grande maioria das participantes são das regiões Norte e Nordeste. Aliás, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro já participaram de edições anteriores do Dia D RPG, mas não tiveram público tão expressivo quanto o de algumas cidades nordestinas.
Qual seria a razão dessa força do Norte-Nordeste?
Ou, vendo a coisa por outro lado, por que Rio e São Paulo (as capitais) parecem tão desinteressadas em participar do Dia D RPG? Seria porque Rio e São Paulo já estariam tão saturadas de toda sorte de eventos nerds que o público começa a mostrar sinais de indiferença? Ou talvez esperem avidamente por um único evento de grande porte por ano no qual "investir suas emoções"?
Outra coisa que se poderia questionar: o público carioca e paulistano estaria esperando que uma editora, uma ONG, um portal de RPG ou um nome conhecido se apresentasse para organizar e oferecer eventos, enquanto o pessoal de Curitiba, do Norte e do Nordeste calça as chuteiras e vai para a linha de frente?
4. Vários eventos de RPG no mesmo dia em cidades relativamente próximas são um contrassenso porque roubam público uns dos outros.
Esse "porém" foi levantado em 2007, com a realização do primeiro Dia D RPG. A ideia parecia ser que, havendo um evento em São Paulo (capital), os jogadores de Araraquara/SP, a mais ou menos 270 km de distância, prefeririam enfrentar três horas de estrada a frequentar um evento em sua própria cidade.
Só para ficar nos exemplos do Dia D RPG deste ano, Cariri, Fortaleza e Sobral ficam todas no Ceará, num raio de 200 a 500 km umas das outras. Campina Grande e Recife estão separadas por 190 km de estrada. E não é a primeira vez que algumas dessas cidades participam do Dia D RPG, sinal, talvez, de que a proximidade dos locais nunca foi e não é um problema.
5. Eventos de RPG precisam ter fins comerciais, e não ser uma festa de RPGistas para RPGistas.
Em nossa opinião, está mais do que claro que, onde a comunidade RPGista tem essa vontade de participar de uma grande festa RPGista, a festa ocorre e aparentemente agrada. Não estamos dizendo que não há espaço para os eventos comerciais, nem que eles não sejam bem-vindos.
É o contrário, na verdade. O Dia D RPG confirma que há espaço TAMBÉM para a festa.
***
Finalizando, ficam aqui nossos sinceros e efusivos PARABÉNS a todos os organizadores do Dia D RPG e aos voluntários que vão ajudar a promover essa festa. Vocês são lutadores e merecem todo o reconhecimento possível.
E se você que nos lê tem aí a oportunidade de participar do Dia D RPG, não a deixe passar. É com essas pequenas ações que o hobby continuará vivo.
Um bom Dia D RPG para todos nós!
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